Chuvas
do passado
Muitos
quebram em culpa,
muitos
quebram em ódio, mas as vezes em raiva
muitos
quebram em historias
as
vezes se quebram em mentiras,
muitos
se quebram quando algo se quebra por dentro
e
se quebram e se quebra e se quebrarão
muitos
não sabem por que se quebraram, mas se contentarão em não lutar.
quem
nunca se quebrou não sabe exatamente o que é viver tentando se ajeitar,
dando
um jeitinho aqui enquanto um caquinho cai ali,
dando
uma de que ta inteirinho mas os cacos pequenininhos se veem caídos no chão,
quem
pode dizer que é completinho,
que
de nenhum jeito falta um pedacinho
que
foi sempre completão, lotado de pedação
que
as vezes nem serviam direito,
mas
que quando para o outro sujeito, era o necessário para satisfação.
e
como colar os cacos caros que de mim carreguei?
nunca
vi nem caso raro de alguém consegue.
aqui
só o que sei comigo, que quando quebro um caco amigo
um
novo caminho eu sigo.
olho
bem o caco caído entendo que ele vai andar comigo,
enquanto
novos pedaços vão se formando, me moldando, dando forma
e
quando na dada hora olho o caco dentro e fora
e
entendo que por hora ele serve pra caminha.
vejo
nele utilidade que não via naquela tarde quando na garganta fez um nó
vejo
no desenho dele o encaixe que perfeito hoje me fez se tornar.
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